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Quase 100 parlamentares devem disputar cargos majoritários em 2026, aponta levantamento
Levantamento inédito do Ranking dos Políticos aponta que 99 parlamentares — entre deputados federais e senadores — devem disputar cargos majoritários nas eleições do próximo ano. O estudo, que combina dados de pesquisas de opinião, comportamento parlamentar e informações de bastidores, revela um movimento intenso de reposicionamento político no Congresso Nacional, com impacto direto nas correlações de força nos estados e nas articulações partidárias nacionais.
De acordo com o relatório, 16% dos parlamentares manifestaram, até aqui, interesse em disputar cargos majoritários, ou seja, vagas ao Senado Federal ou aos governos estaduais. Desse total, 52 são deputados federais e 47 são senadores. Entre os deputados federais, 10 pretendem concorrer ao governo estadual e 42 ao Senado. Já entre os senadores, 17 planejam disputar o governo estadual e 30 buscam a reeleição ao Senado.
O levantamento reflete o período pós-eleições municipais de 2024, que consolidou o avanço de partidos de centro e centro-direita em todo o país, especialmente siglas como PSD, União Brasil, PP e PL.
“O ciclo de 2026 tende a redefinir o mapa político brasileiro, com lideranças do Legislativo buscando projeção majoritária em seus estados”, afirma o estudo do Ranking dos Políticos.
Forças políticas e tendências regionais
O documento mostra que o cenário eleitoral de 2026 será marcado por uma combinação de ambições pessoais e estratégias partidárias, com parlamentares experientes tentando ampliar sua influência regional.
Entre os nomes destacados, estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filhos do ex-presidente, que devem disputar vagas no Senado, além de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Sergio Moro (União-PR), cotados para concorrer aos governos de seus estados. No campo da esquerda, Jacques Wagner (PT-BA), José Guimarães (PT-CE) e Benedita da Silva (PT-RJ) são apontados como pré-candidatos em suas regiões.
O levantamento também revela o fortalecimento da base bolsonarista em diversos estados, especialmente no Centro-Oeste e no Sul, onde o PL aparece com nomes competitivos, como Wilder Morais (GO), Rodolfo Nogueira (MS), Filipe Barros (PR) e Caroline de Toni (SC). Já no Nordeste, PT e aliados mantêm força em estados como Bahia, Ceará e Piauí. Outros nomes de peso também entram nas disputas como: Carlos Fávaro, Renan Filho, André Fufuca, Silvio Costa Filho, Arthur Lira e Renan Calheiros.
O relatório aponta ainda que o resultado das eleições municipais de 2024 serviu de algum termômetro para 2026, consolidando o avanço de partidos de centro e centro-direita, enquanto o PT teve desempenho modesto, com apenas uma capital conquistada. Esse movimento reforça a expectativa de que o Congresso eleito em 2026 tenha perfil mais conservador e pragmático.
O estudo indica que o Senado deve concentrar parte das atenções em 2026. Segundo a análise, a direita e o bolsonarismo priorizarão a eleição de senadores alinhados a pautas de reforma institucional, incluindo projetos para limitar o poder do Supremo Tribunal Federal (STF) — uma tendência já observada nos discursos de parlamentares e lideranças partidárias.
Sobre o estudo
Elaborado pela equipe técnica do Ranking dos Políticos — composta por Juan Carlos, Luan Sperandio, Gabriel Jubran, Danylo Shimano, Tamyres Meyer e Giancarlo Mendes — o levantamento utilizou fontes de pesquisa de opinião, análise de comportamento parlamentar e consultas diretas a lideranças e assessores políticos.
A metodologia permitiu distinguir entre candidaturas especuladas e efetivamente em construção, oferecendo um panorama prospectivo do cenário político estadual e nacional. O estudo reforça o papel do Ranking dos Políticos na avaliação de desempenho e transparência dos representantes do Congresso Nacional desde 2011.

Quando o Estado vive em outra realidade
Por Rafael Moredo
Há um descolamento entre os salários das autoridades públicas brasileiras e a renda média da população. A elite estatal no Brasil vive em uma realidade completamente distinta da dos cidadãos comuns. É o que revelou o Índice de Disparidade Salarial (IDS), lançado pelo Livres.
O estudo comparou a remuneração mensal bruta de autoridades dos três Poderes — de vereadores e prefeitos a ministros do STF e ao presidente da República — com a renda domiciliar per capita da população sob sua jurisdição. O índice mostra quantas vezes uma autoridade ganha mais do que quem representa.
O número que simboliza o problema é o do Executivo nacional: o presidente da República recebe 21,3 vezes a renda média do brasileiro (R$ 2.069,00). A média internacional entre 17 países analisados é de 10,2. Ou seja, o Brasil tem uma disparidade 108% maior do que a média global, mesmo comparado a países com renda e desenvolvimento semelhantes, como Chile, México e Argentina.
Desigual até entre desiguais
O IDS mostra que essa diferença não é inevitável, mas resultado de escolhas institucionais. Países com desigualdade de renda comparável — como México e Chile, ambos com Gini de 0,43 — apresentam índices diferentes (24,6 e 10,3, respectivamente). O Brasil, com Gini 0,52, combina o pior dos mundos: mercado desigual e setor público ainda mais concentrador.
Em democracias desenvolvidas, os chefes de governo recebem entre 5 e 9 vezes a renda média da população — proporção observada na Alemanha, Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. No Japão, a diferença é de apenas 3,8 vezes. São países onde o serviço público mantém proporcionalidade institucional e legitimidade democrática.
No Brasil, reajustes automáticos, benefícios não contabilizados e pouca transparência alimentam uma estrutura salarial inflada, sem vínculo com desempenho ou responsabilidade fiscal. O descolamento da elite estatal é estrutural e sistêmico.
Desigualdade federativa: quando o cargo vale mais onde se ganha menos
A pesquisa também analisou a disparidade em todos os estados. O retrato é claro: quanto mais pobre a população, maior o privilégio relativo da elite local.
No Acre, o governador recebe 33 vezes a renda média dos cidadãos.
Em Pernambuco, Sergipe e Amazonas, o índice passa de 27.
Em São Paulo, o IDS do governador é de 12,9 — ainda alto, mas dentro de parâmetros razoáveis para países emergentes.
Entre os deputados estaduais, o padrão se repete. No Maranhão, cada parlamentar ganha mais de 31 vezes a renda média do estado. Mesmo em unidades ricas, como o Distrito Federal e o Paraná, o índice fica acima de 9 — valor superior ao dos primeiros-ministros de Portugal, Espanha e Reino Unido.
Nos deputados federais, o problema se agrava: todos recebem o mesmo salário (R$ 44 mil), mas o impacto varia conforme a renda local. No Maranhão, o IDS chega a 40,9, contra 12,8 no Distrito Federal. O mesmo contracheque gera privilégios desiguais e rompe o equilíbrio federativo.
Quando a toga pesa mais que a balança
O Poder Judiciário é o maior símbolo do descolamento institucional. O IDS dos ministros do STF é de 22,4, quase quatro vezes superior ao da Suprema Corte do Canadá (5,8).
Nos tribunais estaduais, juízes de primeira instância no Maranhão registram um IDS de 53,3, e houve mais de 63 mil contracheques acima de R$ 100 mil em 2024, segundo o CNJ.
Com as chamadas verbas indenizatórias, o teto constitucional se transforma em ficção. Um juiz federal pode alcançar 40 vezes a renda média nacional, e casos isolados ultrapassam a marca de 300 vezes — algo sem precedente no mundo democrático.
Caminhos possíveis
Para reverter esse caminho, há uma série de soluções a serem implementadas inspiradas em boas práticas internacionais:
Teto federativo proporcional à renda local, limitando salários de autoridades a um múltiplo fixo da renda média da população;
Vedação de reajustes automáticos entre carreiras e esferas, rompendo a lógica da "isonomia para cima";
Transparência total sobre verbas indenizatórias, com publicação individualizada e inclusão no teto constitucional;
Criação de um conselho independente de remuneração pública, nos moldes britânicos, para definir critérios objetivos de proporcionalidade.
Essas medidas não buscam desvalorizar o serviço público, mas recalibrar sua legitimidade. Um Estado justo é aquele que reconhece o mérito e a responsabilidade de quem serve, sem se afastar da realidade de quem paga a conta. Medir a disparidade entre representantes e representados é o primeiro passo para reduzi-la. Ao fazer isso com dados e comparações internacionais, o IDS lança luz sobre um problema estrutural — e sobre a urgência de reformar o Estado para que ele volte a servir, de fato, ao cidadão.
Rafael Moredo é Coordenador de Políticas Públicas do Livres.

Os estados que mais avançaram na desburocratização do Brasil
Paraná, Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Piauí são os estados que mais evoluíram em desburocratização para o empreendedorismo no país. É o que revela o novo Ranking Nacional de Liberdade para Trabalhar – Nível Estadual, elaborado pelo Instituto Liberal de São Paulo (ILISP). O levantamento analisa como cada governo estadual regulamentou a Lei de Liberdade Econômica (LLE), sancionada em 2019 pelo governo federal.
Os cinco estados líderes dispensam mais de 900 atividades econômicas (CNAEs) da exigência de alvarás e licenças: Paraná (975), Goiás (962), São Paulo (948), Minas Gerais (915) e Piauí (908). São as unidades da federação onde é possível abrir e operar empresas de baixo risco na maior parte das atividades econômicas sem depender de autorização prévia do Estado.
Logo abaixo estão Santa Catarina (896), Pernambuco (847) e Rio Grande do Sul (770). No grupo seguinte, aparecem Espírito Santo (620), Mato Grosso do Sul (612, o único sem decreto unificado), Maranhão (572) e Rio de Janeiro (520).
A partir daí, o cenário muda drasticamente. Há estados que mantiveram ou estão abaixo da regulação mínima federal (298 CNAEs dispensados): Acre, Alagoas e Sergipe (298 cada), Mato Grosso (293), Distrito Federal (289) e Pará (264). Nesses locais, embora a lei exista, centenas de milhares de empreendedores continuam sujeitos à burocracia já eliminada em outros estados.
Nos níveis mais baixos do levantamento, a situação é ainda mais crítica. Amapá, Rondônia e Roraima aprovaram a LLE, mas não a regulamentaram, impedindo que a dispensa de alvarás funcione na prática.
Por fim, Amazonas, Bahia, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Tocantins são entes federativos onde não há nem sequer lei ou decreto prevendo a dispensa de licenças para atividades de baixo risco. Em alguns casos, houve veto da proposta pelo governador.
A LLE (Lei 13.874/2019) completa seis anos com uma constatação clara: quando aplicada integralmente, gera crescimento e empregos.
No entanto, a lei só se torna efetiva quando estados e municípios regulamentam a dispensa de alvarás. Isso envolve definir, em seus órgãos licenciadores (Corpo de Bombeiros, Meio Ambiente e Vigilância Sanitária), as atividades (CNAEs) consideradas de baixo risco. Quando isso não ocorre, a LLE permanece inoperante.
Estudos do ILISP, em parceria com o Instituto Millenium, mostram que municípios que adotaram a LLE registraram aumento médio de 40% nas contratações e crescimento de 88,9% na abertura anual de novas empresas.
Segundo dados do governo do Paraná, a implantação do Decreto de Baixo Risco local acrescentou R$ 460 milhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do estado. O impacto na arrecadação do ICMS foi de R$ 13 milhões, e houve R$ 179 milhões de incremento na massa salarial do estado.
Desde a implantação da lei, em 2019, o programa Minas Livre para Crescer impulsionou a economia de Minas Gerais, resultando na geração de mais de 1 milhão de empregos e na atração de investimentos superiores a R$ 500 bilhões.
Avanços regionais
Até o momento, somente 42,4% dos municípios brasileiros (2.362) adotaram a LLE. O Projeto Liberdade para Trabalhar, coordenado pelo ILISP, mapeia a legislação em todos os estados e municípios. Oferece apoio técnico gratuito a prefeituras, secretarias, câmaras municipais, assembleias legislativas e governos estaduais. Também auxilia entidades interessadas em implantar ou ampliar a Lei de Liberdade Econômica.
As regiões Sul e Sudeste concentram os maiores avanços. Além de três dos cinco estados com mais liberdade para trabalhar (Paraná, São Paulo e Minas Gerais), possuem também a maior quantidade de municípios que implantaram a LLE.
São Paulo universalizou a adesão aos princípios da lei, mas a maioria dos municípios ainda precisa regulamentá-la via decreto. Outros estados, como Espírito Santo (93,6% de adesão municipal), Santa Catarina (84,1%) e Minas Gerais (69,4%), também se destacam.
No Centro-Oeste, Goiás é um exemplo de regulamentação avançada, com 962 atividades dispensadas. No entanto, sua capital, Goiânia, ainda não adotou a LLE e chegou a vetar a dispensa de alvarás em 2023 — um exemplo de resistência local à lei.
No Nordeste e Norte, a adesão segue abaixo da média nacional. Há casos em que as leis estaduais foram vetadas, como no Amazonas e na Paraíba, mantendo empreendedores na dependência de licenças prévias até para atividades de baixo risco.
Considerações finais
O levantamento evidencia que a liberdade para trabalhar no Brasil ainda é um privilégio geográfico. Enquanto em alguns estados o pequeno empreendedor pode começar a trabalhar de forma simples e legal, em outros ainda enfrenta barreiras burocráticas.
Cabe aos legisladores e gestores públicos decidir se querem estar ao lado da burocracia que sufoca ou da liberdade que gera emprego, renda e dignidade.
____________________Sobre o autorLucas Sampaio é Advogado, Mestrando em Economia e Desenvolvimento pela Universidade de Sevilha e Coordenador Operacional do Projeto Liberdade para Trabalhar, do ILISP.




